Mas a verdade é que, ao acompanhar uma história protagonizada por Fernanda Torres e Andréa Beltrão, esperava alguma coisa mais empolgante, com menos repetição do que as duas já apresentaram até aqui, logo, foi meio frustrante.
De certa forma, em algumas cenas da série – criada por Cláudio Paiva – Fátima, interpretada por Fernanda, me lembrou muito de Vani de Os Normais. Claro que seu relacionamento com Armane (Vladimir Brichta), é diferente do que o que mantinha com Rui, ainda assim, no momento em que demonstra ciúme por ele, por exemplo, foi possível enxergar resquícios da antiga personagem. E por mais que exista uma dose se saudosismo ao lembrar da trama, isso não foi bom. Mesma coisa com a Sueli de Andréa, uma versão com leves toques de Marilda, de A Grande Família.
Apesar disso, preciso admitir que aos poucos, o enredo até que vai conquistando. Tenho dúvidas se é possível fazer com que a premissa renda por muito tempo, porém, foi responsável por alguns momentos divertidos.
Não sabia do relacionamento extra conjugal da vendedora, e não há como negar que representa um dos maiores pilares da fraqueza feminina: o inegável derretimento perante uma frase ou atitude que relutantemente se espera receber.
Armane é casado, mas naquela rua, é de Fátima. E ela pode até fingir que não se importa e marcar casamento com seu Chalita (Flávio Migliaccio), mas no fundo, o que quer é que declare seu amor, mesmo que seja fruto de um relacionamento ‘torto’. Nesse ponto, não há como negar que a história acerta ao não se preocupar com falsos moralismos. A personagem poderia ser amplamente criticada por encarnar perfeitamente o papel da ‘outra’, mas acaba chamando atenção por não se mostrar uma vítima. Ela demonstra saber os termos desse relacionamento, e convive bem com eles, mesmo desejando secretamente mais.
Mesma coisa com Jurandir (Érico Bras), ex de Sueli. Tenho certeza que muita gente considera que roubar um objeto é menos condenável do que roubar o ‘marido alheio’, mas prefiro não entrar no mérito da questão. De qualquer maneira, o jogo entre eles manteve a mesma atmosfera, em não se preocupar muito com conceitos politicamente corretos.
Ela, no entanto, não conseguiu cativar tanto. Seu ponto alto, sem dúvida, foi com o pobre Santo Antônio. Não imaginava que seu trabalho fosse tão complicado. Fiquei com pena de sua dor de cabeça, quase uma injustiça creditar a ele todas as incoerências femininas e deixá-lo de cabeça pra baixo. O artíficio de colocá-lo como um personagem meio sem noção, foi interessante, e a interpretação de Kiko Mascarenhas, um dos poucos destaques do episódio.
Além dele, a dinâmica entre Djalma (Otavio Muller) e a esposa/troféu Flavinha (Fernanda Freitas), também merece ser comentada. Foram poucos momentos, mas chamaram atenção por seu potencial. Ainda não sabemos como tudo começou e nem quanto de interesse existe, de ambos os lados. A maneira como ele a manipulou ao falar de uma possível dispensa das funcionárias, foi tão instigante quanto o jeito possessivo dela. Algo que dá uma certa vontade de continuar acompanhando, ao contrário de muito do que aconteceu nessa estreia.
É possível que um pouco de lentidão tenha atrapalhado, ou mesmo a falta de foco. Mesmo que todo episódio tenha girado em torno de Fátima e Sueli, as coisas não pareceram se conectar direito. Além disso, alguns erros de continuidade incomodaram. Pura implicância minha, mas uma caixa aberta que se fecha milésimos de segundos depois, por exemplo, passa um ar de desleixo. O corte de algumas cenas me deu essa impressão.
No geral, fica difícil dizer o que se pode esperar da série, já que alternou bons momentos com outros bastante mornos. Pode ser questão de tempo e de costume, só não sei se, com tanta atração diferente às terças-feiras, vale a pena ficar esperando pra ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário