

Mas será que foi tudo culpa da Globo? Será que o único jeito de começar uma nova rede de televisão não era, realmente, se filiar ao movimento militar?
Até hoje a emissora é acusada de ter financiado e dado espaço à ditadura, mas o que poucos sabem e muitos ignoram é o fato de já existir no Brasil uma série de outras emissoras: as Redes Tupi – que sairia do ar em 1980 – e a Excelsior – que teve o mesmo destino dez anos antes –, Record e Cultura, que estão no ar até hoje. Com exceção da segunda, todas as outras emissoras ajudaram o regime.
Todos fazem a ligação entre a Globo e a ditadura por que a emissora foi um caso à parte. Cinco anos após entrar no ar, já em 1970, era líder absoluta de audiência. A emissora dos Marinho conquistou o espaço deixado pela Excelsior e teve na sua programação algo inédito, criado por Walter Clark, o chamado sistema "sanduíche" - onde entre duas novelas, já na época o estilo de programa mais popular, deveria haver um jornal, neste caso o Jornal Nacional - que entrou no ar em 1º de setembro de 1969.
Na época, o Jornal Nacional se tornara o "porta-voz da ditadura, mas isso só ocorreu por que a Globo decidiu criar um jornal para informar a população do que estava acontecendo no país. Se as outras emissoras tivessem pensado nisso antes, talvez carregassem o fardo que a Globo tem até hoje: o de ter ficado contra o povo na época da ditadura.
Enfim, a população só vai olhar a Globo com uma visão pura quando a emissora matar a síndrome da ditadura militar. Não houve culpados, não há suspeitos e não há crime (pelo menos não existem condenados).
Enfim, o programa de Marília Gabriela vai ao ar nesse domingo à meia-noite.
Por: Breno Cunha
Colaboração – "Fazendo Mídia" e "Cultura Brasil"
Esse texto não visa prejudicar ou ajudar nenhuma emissora ou parte em questão. Pauta-se apenas em fatos e questionamentos.
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